
Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Luzia Fatima de Andrade Lobato - Psicólogo CRP 06/119285

A Síndrome de Tourette é uma condição neurológica relevante, mas ainda enfrenta desinformação e preconceito.
Frequentemente diagnosticada na infância, essa síndrome pode impactar o comportamento, a autoestima e as relações sociais de quem convive com ela.
Assim, mesmo sendo uma condição que acompanha muitos indivíduos ao longo da vida, os sintomas podem se apresentar de forma variável, tornando o diagnóstico e o tratamento um desafio tanto para as famílias quanto para os profissionais de saúde.
Neste artigo, você vai conhecer o que caracteriza a Síndrome de Tourette, suas principais causas, sinais clínicos e os recursos terapêuticos mais utilizados atualmente para promover bem-estar e qualidade de vida. Boa leitura!
O que é a Síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette é um transtorno neurológico do desenvolvimento caracterizado por tiques motores e vocais que ocorrem de forma repetitiva, involuntária e súbita. Esses tiques costumam surgir na infância, geralmente entre os 5 e 10 anos de idade.
Confirma-se o diagnóstico quando a pessoa manifesta múltiplos tiques motores e ao menos um tique vocal, com duração superior a um ano e início antes dos 18 anos, de acordo com os critérios do DSM-5.
Embora ainda envolta em certo desconhecimento, a Síndrome de Tourette não é rara e afeta cerca de 1% da população infantil, sendo mais comum em meninos. Os sintomas podem ser agravados por estresse, ansiedade ou cansaço, mas tendem a diminuir com a maturidade ou quando o indivíduo está focado em alguma atividade.
Quais são os sinais da Síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette se manifesta por tiques motores e vocais, que são movimentos ou sons involuntários e repetitivos. Assim, esses sinais variam de pessoa para pessoa e podem mudar com o tempo.
Então, entre os principais estão:
- Tiques motores (movimentos involuntários)
- Piscar excessivo dos olhos: movimento rápido e frequente das pálpebras, comum no início da síndrome.
- Caretas faciais: expressões involuntárias como franzir a testa, abrir a boca ou enrugar o nariz.
- Movimentar ombros ou cabeça: sacudidas ou inclinações repentinas e involuntárias.
- Estalar os dedos ou bater as mãos: gestos repetitivos, sem função prática.
- Tocar objetos ou pessoas repetidamente: ação impulsiva e repetida, muitas vezes sem intenção clara.
- Gestos obscenos (copropraxia): manifestações gestuais ofensivas ou inapropriadas, mais raras.
- Tiques vocais (sons involuntários)
- Grunhidos, pigarros ou tosses frequentes: sons produzidos involuntariamente, sem relação com doenças respiratórias.
- Gritar palavras ou frases aleatórias: vocalizações súbitas fora de contexto.
- Repetição de palavras ou sons de outras pessoas (ecolalia): imitação involuntária do que a pessoa acabou de ouvir.
- Repetição das próprias palavras ou frases (palilalia): repetição automática do que a pessoa acabou de dizer.
- Uso involuntário de palavrões (coprolalia): emissão de palavras ofensivas, presente em uma minoria dos casos.
O que causa essa condição?
A Síndrome de Tourette é causada por uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Então, embora a origem exata ainda não seja totalmente compreendida, as evidências apontam para os seguintes elementos:
- Genética: há forte influência hereditária, com maior incidência entre familiares de primeiro grau. Diversos genes podem estar envolvidos no risco de desenvolvimento da síndrome.
- Neuroquímica cerebral: alterações na regulação de neurotransmissores, especialmente a dopamina, afeta áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor e comportamento.
- Fatores ambientais: situações como estresse durante a gestação, uso de substâncias na gravidez, parto prematuro ou baixo peso ao nascer podem aumentar o risco.
- Infecções: pesquisas avaliam a relação entre infecções por estreptococos e o surgimento de sintomas em crianças, mas essa hipótese ainda não é plenamente comprovada.
Portanto, a interação entre esses fatores varia de pessoa para pessoa, o que torna a síndrome complexa e de manifestação diversa.
O diagnóstico da Síndrome de Tourette
O diagnóstico da Síndrome de Tourette é clínico, feito com base na observação dos sintomas e no histórico do paciente, pois não há exames laboratoriais específicos para confirmar a condição.
Então, de acordo com os critérios do DSM-5, os principais pontos para o diagnóstico são:
- Tiques motores e vocais: o paciente deve apresentar múltiplos tiques motores e pelo menos um vocal, em algum momento da evolução do quadro.
- Duração: os sintomas precisam persistir por mais de 12 meses, mesmo que mudem de forma ou intensidade.
- Início precoce: os tiques devem começar antes dos 18 anos de idade.
- Exclusão de outras causas: é necessário garantir que os sintomas não sejam explicados por outra condição médica ou uso de substâncias.
Exames de imagem ou laboratoriais podem ser solicitados apenas para descartar outras possibilidades, sendo que também é comum que o profissional avalie a presença de comorbidades como TDAH, TOC ou ansiedade, que frequentemente acompanham a síndrome.
Quais são os tratamentos da Síndrome de Tourette?

Embora não exista cura definitiva para a Síndrome de Tourette, diversos tratamentos ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Dessa forma, a escolha da abordagem depende da gravidade dos tiques, da presença de comorbidades e do impacto na rotina da pessoa.
Terapias comportamentais
As terapias comportamentais são uma das principais formas de tratamento da Síndrome de Tourette, onde o destaque vai para o Treinamento de Reversão de Hábito (HRT) e a Intervenção Comportamental Abrangente para Tiques (CBIT), que ajudam o paciente a identificar os tiques e substituí-los por respostas alternativas.
Essas técnicas são eficazes e têm poucos efeitos adversos, sendo indicadas principalmente para casos leves a moderados.
Além disso, a psicoeducação e a terapia cognitivo-comportamental também podem ser úteis no manejo das comorbidades associadas, como ansiedade e TOC.
Medicação
O uso de medicamentos é indicado quando os tiques causam prejuízos significativos à vida do paciente e/ou quando estão associados a alguma comorbidade.
A escolha da medicação deve ser cuidadosa e sempre realizada por um profissional, considerando os possíveis efeitos colaterais e a resposta individual ao tratamento.
Apoio psicológico e educacional
O suporte emocional é essencial no tratamento da síndrome, pois a psicoterapia ajuda o paciente a lidar com o impacto social e emocional dos tiques, reduzindo o estresse e melhorando a autoestima.
Em ambiente escolar, adaptações e orientações aos professores são importantes para promover a inclusão e o bom desempenho acadêmico.
O apoio à família também é fundamental, já que o entendimento e acolhimento do quadro favorecem a adesão ao tratamento e a convivência mais harmoniosa.
Estimulação cerebral profunda (DBS)
A Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é um tratamento neurocirúrgico reservado para casos graves e refratários, ou seja, que não respondem a terapias convencionais.
O procedimento envolve o implante de eletrodos em áreas específicas do cérebro, que enviam impulsos elétricos para regular os circuitos envolvidos nos tiques.
Ainda considerada experimental, a DBS tem mostrado bons resultados em alguns pacientes, mas exige avaliação rigorosa e acompanhamento multidisciplinar.
Abordagens complementares
Alguns pacientes recorrem a terapias complementares como acupuntura, meditação, yoga ou neurofeedback. Embora essas práticas não tenham comprovação científica robusta para o tratamento da Síndrome de Tourette, podem contribuir para o bem-estar emocional e redução do estresse, o que indiretamente ajuda no controle dos tiques.
É importante que essas abordagens sejam utilizadas como complemento ao tratamento clínico principal, com acompanhamento profissional, para garantir segurança e evitar interferências negativas na evolução do quadro.
Por fim, é importante ter em mente que a Síndrome de Tourette pode ser controlada com tratamento adequado, promovendo qualidade de vida e inclusão para os pacientes!
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Autor: psicologa Luzia Fatima de Andrade Lobato - CRP 06/119285 Formação: Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e pós-graduada em Saúde Mental. Possui vasta experiência em atendimentos para adultos e casais, com foco em demandas como ansiedade, estresse no trabalho, conflitos familiares, depressão, questões emocionais como autoestima e autoconfiança…















