Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Natalia Queiroz Nunes de Oliveira - Psicólogo CRP 06/117294
Eu devo perdoar meus pais? Essa é uma pergunta que quem cresceu em ambientes familiares opressores tendem a se fazer.
O relacionamento com pais tóxicos deixa muitas cicatrizes emocionais nos filhos.
Muitos se moldam aos desejos irrealistas dos pais e se frustram quando alcançam a vida adulta.
Em outros casos, entram em atrito constantemente com os pais e não sabem como lidar com as consequências desses conflitos ou se sentem sobrecarregados com tantas brigas.
Logo, o relacionamento entre pais e filhos acaba se tornando distante.
Mas, com o passar dos anos, filhos cujas relações com os pais são tóxicas podem começar a questionar se devem perdoá-los.
O receio da maioria, segundo psicólogos, é abrir suas vidas novamente para os pais e reviver as situações desagradáveis de quando eram jovens. E se eles tentarem tomar muito espaço? E se fizerem cobranças?
O post de hoje é uma reflexão sobre o perdão direcionado aos pais tóxicos para quem tem refletido sobre essa possibilidade.
O que de fato significa perdoar?
O perdão é muitas vezes interpretado erroneamente em nossa sociedade. Perdoar alguém não é uma maneira de dizer que você não se importa com o que aconteceu ou que o outro está/esteve certo.
O ato de perdoar é simplesmente o ato de aceitar um ocorrido negativo e despejar uma pá de cal sobre ele.
Nutrir ressentimento contra alguém é cansativo. Você precisa fazer uma ginástica emocional para se sentir bem em sua presença, ainda mais quando precisa conviver com essa pessoa ou costuma encontrá-la em seu grupo de amigos.
Os pensamentos e emoções ruins nutridas por ela acabam colocando-o em uma posição de estagnação.
Você não consegue seguir em frente, permanecendo, emocionalmente, na mesma posição onde esteve quando se sentiu ameaçado.
É comum as pessoas perceberem tardiamente que existe uma grande distância entre elas e o que aconteceu no passado.
A tendência é remoer o evento negativo como se tivesse acontecido recentemente.
Mesmo que não queiram isso, elas alimentam um laço com quem lhes magoou.
O ressentimento consome. É como se não conseguíssemos viver sem resolver aquela questão específica, mas, ao mesmo tempo, não queremos sentir o que sentimos naquela ocasião. Só de pensar nisso a ansiedade e estresse crescem.
Porém, as pessoas possuem a escolha de seguir adiante, sem cultivar memórias e emoções incômodas!
O ato de perdoar acaba sendo mais benéfico para quem perdoa do que para quem é perdoado.
No caso dos pais tóxicos, contudo, é mais difícil não olhar para trás e se sentir angustiado.
As ações equivocadas, as cobranças descabidas e as palavras ásperas vivem no coração dos filhos.
E, como eles desenvolvem mecanismos de defesa indesejados por conta dos pais, possuem mais dificuldade para abandonar o passado.
O perdão cabe aos pais tóxicos?
Sim, os pais tóxicos podem ser perdoados.
Os erros deles, no entanto, costumam ser os mais difíceis de entender, digerir, perdoar e esquecer.
Os filhos esperam tudo dos pais. São eles quem devem ensiná-los coisas importantes sobre a vida para que possam se relacionar bem com o mundo, os outros e com eles mesmos.
Os filhos mantém a esperança de que os pais sempre farão o que é certo para eles e, ainda, reconhecerão boas atitudes, conquistas e grandes e pequenos feitos.
Eles querem ser abraçados pelos pais e ouvir o quanto são ótimos filhos.
Da mesma forma, os pais nutrem expectativas sobre o desempenho de seus filhos na escola, vida profissional e até na vida amorosa.
A pressão sobre o laço entre pais e filhos é imensa e, por isso, é tão fácil se sentir decepcionado com uma atitude inesperada.
Ninguém ensina os pais ou os filhos a gerenciam as suas expectativas sobre laços familiares.
Aos poucos, os filhos crescem e percebem que os seus desejos não foram atendidos.
Eles podem tanto se sentir traídos, decepcionados e magoados quanto sabiamente perceber que os pais são humanos assim como eles.
Grande parte dos pais erra tentando acertar, mesmo que suas ações sejam de extrema rigidez. Eles consideram aquilo correto, a melhor maneira de educar os filhos.
A quantidade de pais que conscientemente causam mal aos filhos é pequena.
É mais provável que os pais vejam os filhos como o vilão por conta de suas crenças e da sua criação (proveniente de outra geração, é preciso lembrar!) e reagem a isso.
Por não procurarem rever seus pensamentos, não conseguem ver os seus equívocos.
Chegar a essa realização requer muita reflexão e inteligência emocional.
Devo perdoar pais tóxicos?
Essa é uma pergunta que cada filho precisa responder sozinho. Como cada situação é única, não podemos afirmar “sim” ou “não” sem antes fazer uma avaliação.
Mesmo que os seus pais tenham sido e ainda sejam tóxicos, alguns filhos sofrem com essa situação.
Eles desejam ter uma relação bacana com os pais assim como outras pessoas, e se sentem mal por não conseguirem fazer isso.
Já outros não querem ter contato com quem lhes magoou ao longo de fases tão importantes para a formação do seu ser.
Se você se identifica com o grupo de filhos que se sentem mal por não ter uma relação legal com os pais, pode ter o desejo de perdoá-los dentro de você.
Então, se você acha que fazer isso é correto e lhe trará felicidade, não há nada impedindo-o de ao menos tentar.
Já se você acredita que está bem sem esse laço, pode permanecer com a sua vida do jeito que está ou também tentar.
Normalmente, os filhos ficam magoados ou bravos com atitudes que os pais costumavam ter.
Atualmente eles podem não ser mais assim. Ou, eles podem estar dispostos a ouvi-los para tentar mudar comportamentos que contribuíram para o rompimento do laço familiar.
Seja qual for a sua história, separamos algumas reflexões abaixo para ajudá-lo a tomar uma decisão sobre a possibilidade de perdoar seus pais tóxicos.
1. Você precisa apenas de você
Este não é um conselho para incentivar o egoísmo. É para ajudá-lo a perceber que você não precisa da aprovação de ninguém além da sua para ser feliz.
É importante que os filhos aprendam a separar o seu “eu” dos seus pais e parem de se ver como crianças dependentes.
Como adulto, você é o único responsável por seu bem-estar, saúde, vida financeira, vida amorosa, vida profissional e, sobretudo, felicidade.
Você possui capacidade de moldar a sua vida conforme desejar. Então, não é preciso se apegar as coisas ditas ou feitas por seus pais.
2. Você pode tentar entendê-los
Quando se tenta entender a linha de raciocínio e as motivações dos pais, muitas coisas são percebidas: limitações, medos, frustrações, dificuldades, a forma como foram educados, crenças absorvidas da sociedade e muito mais.
Esses fatores ajudam os filhos a compreenderem que os pais são pessoas complexas com muitas camadas e, por isso, podem agir e pensar de modo muito diferente do deles apesar do laço consanguíneo.
A intenção não é necessariamente buscar explicações para o comportamento tóxico.
Mas, sim, ajudá-lo a compreender que os seus pais são mais do que a imagem criada por você lá atrás.
Ao entender a jornada e essência deles, você pode começar a sentir compaixão e, consequentemente, perceber que eles não desejam o seu mal.
3. Você pode seguir adiante
Decidir perdoar alguém que lhe causou mal requer uma jornada longa e muitas vezes complicada.
Durante o caminho, você certamente vai encontrar pontas soltas e precisará digeri-las corretamente para conseguir seguir para as próximas.
Quanto mais profunda a ferida, mais difícil é o processo de perdão. Ele é marcado por diversas emoções, como raiva e tristeza, as quais às vezes podem nos desestruturar por completo.
Mas, por outro lado, o perdão é uma porta para a liberdade.
É através dele que você consegue deixar lembranças constrangedoras e medos para trás.
A leveza no peito e a clareza de pensamento são consequências disso.
Quando você se permite eliminar o rancor que nutre por alguém, se sente livre tanto das amarras que o prendiam a essa pessoa quanto a experiência de vida negativa.
4. Você pode pedir ajuda
Você pode pedir a ajuda de um psicólogo para tentar se entender com os seus pais tóxicos e conseguir perdoá-los.
A terapia focada na família é uma maneira de iniciar um diálogo sincero e de coração aberto com os seus pais, tendo um profissional experiente como mediador.
Além de prevenir conflitos desnecessários, questões importantes e mágoas podem ser discutidas e provocar o tão desejado alívio emocional.
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Autor: psicologa Natalia Queiroz Nunes de Oliveira - CRP 06/117294Formação: Especialista em TCC - Terapia Cognitiva Comportamental, com foco em terapia individual para adultos, terapia de casal e demandas como ansiedade, conflitos conjugais, estresse, depressão e carreira. Com formação em Inteligência Emocional, cursa especialização em…