Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Vitória Appoloni Correia - Psicólogo CRP 06/143864
O ser humano não lida bem com o desconhecido. Costumamos temer tudo o que não dominamos muito bem ou nunca tivemos contato e, quando o assunto é morte, nossa reação não é diferente.
É por isso que precisamos aprender também a lidar com o luto.
A morte é o grande mistério da vida. Vivemos todos os nossos dias sem saber quando, como e onde a nossa hora chegará.
Também não temos como saber quando será o dia da partida de nossos entes tão queridos. E o que acontece quando esse dia chega? Outra pergunta sem resposta, mas repleta de crenças, esperança e incertezas.
Sumário
- O que é o luto?
- O que causa o luto?
- Os sintomas do luto
- Estágios do luto
- Como é o processo de luto?
- Como lidar com o luto?
- Psicólogos especializados em Morte e Luto
O que é o luto?
O luto pode ser descrito como o período entre a morte de um ente querido e a redescoberta de um novo sentido para a vida. É um estado de espírito de introspecção, tristeza profunda e, em algumas casos, negação.
Com a partida de pessoas especiais, é normal sentirmos que a nossa própria vida não tem mais sentido. A sensação da perda e do vazio causado pela morte nos leva ao sentimento de luto.
Geralmente, a pessoa enlutada fica perdida, sem saber o que fazer após a perda. De que modo poderá viver agora que o ente querido não se encontra ao seu lado?
À medida que consegue processar as emoções oriundas da perda, ela volta a se sentir segura e pronta para encarar a vida mesmo sem a presença daquela pessoa especial.
Mas, esse processo não é tão simples e normalmente ocupa um período significativo e longo da vida de quem perdeu alguém importante.
Segundo psicólogos, para lidar com o luto, é preciso se permitir viver todas as fases para chegar ao momento de redescoberta do propósito de vida.
O que causa o luto?
A morte de uma pessoa próxima pode ser devastadora. Afinal, é sempre uma ocasião triste quando precisamos nos despedir de alguém tão importante para nós e que impactou profundamente a nossa vida.
Com a ausência, vem a saudade, a tristeza e o medo do desconhecido. Como prosseguir sem a companhia daquela pessoa?
É costumeiro sentir a sua falta em todos os ambientes da casa, nas conversas do dia a dia e nos momentos em que você precisa de consolo.
Assim, em meio a todos esses sentimentos e divagações, a possibilidade de seguir em frente sem a pessoa querida pode parecer impossível.
Mas, à medida que os dias passam e as emoções perdem a intensidade, as pessoas voltam a si e começam a, conscientemente ou não, buscar maneiras de lidar com o luto.
As pessoas normalmente não são ensinadas a lidar com as emoções de uma perda, principalmente quando não sofrem perdas significativas em sua vida.
Então, quando chega o momento, grande parte delas não sabe como reagir de modo a preservar a sua saúde mental.
Frente a isso, o luto é entendido pelos psicólogos como uma reação à uma impactante perda. E, ao contrário do que muitos podem pensar, o luto não está relacionado apenas à morte.
Perdas de oportunidades, experiências que não voltam mais, grandes mudanças, fins de relacionamentos, mudanças de emprego e outras situações de rompimentos podem levar ao luto.
Os sintomas do luto
Os sintomas do luto podem variar amplamente de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem uma combinação de respostas emocionais, físicas, cognitivas e comportamentais. Dentre eles estão:
- Tristeza profunda: Sentimentos intensos de tristeza, que podem levar a crises de choro frequentes, e tristeza que pode se tornar uma depressão.
- Culpa: Sensações de culpa ou arrependimento por coisas não ditas ou feitas.
- Raiva: Sentimentos de raiva ou ressentimento, que podem ser direcionados a si mesmo, ao falecido, ou a outras pessoas.
- Ansiedade: Preocupações excessivas sobre o futuro ou sobre a própria capacidade de lidar com a perda.
- Choque e descrença: Dificuldade em aceitar a realidade da perda, especialmente nos primeiros estágios do luto.
- Fadiga: Sensação constante exaustão física ou cansaço mental.
- Alterações no apetite: Perda de apetite psicológica ou, em alguns casos, aumento do apetite.
- Problemas de sono: Dificuldade em adormecer, dormir durante a noite, ou excesso de sono.
- Sintomas somáticos: Dores de cabeça, dores de estômago e outras dores físicas sem causa aparente.
- Sistema imunológico enfraquecido: Maior susceptibilidade a infecções e doenças devido ao estresse.
- Dificuldade de concentração: Problemas para focar em tarefas diárias ou tomar decisões.
- Esquecimento: Problemas de memória e lapsos cognitivos.
- Pensamentos intrusivos: Pensamentos constantes sobre o falecido ou a circunstância da perda.
- Preocupação excessiva: Ruminando sobre o que poderia ter sido diferente ou sobre como a perda poderia ter sido evitada.
- Isolamento social: Tendência a se afastar de amigos e familiares.
- Mudança nos hábitos diários: Alterações na rotina diária, como negligenciar responsabilidades ou compromissos.
Estágios do luto
A psiquiatra suíça-americana Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004)foi a primeira a estudar como a perda de alguém querido e a proximidade com a morte afeta as pessoas.
A médica dedicou anos da sua vida ao estudo da morte e trabalhou com pacientes terminais de câncer e AIDS na tentativa de tornar o atendimento médico para esses casos mais humano.
Em seu livro “Sobre Morte e Morrer”, de 1969, ela definiu os cinco estágios do luto.
Pessoas enlutadas costumeiramente passam por esse processo, mas não precisam fazê-lo de maneira ordenada nem passar por todos eles. Sendo assim, os cinco estágios do luto não são uma regra, mas, sim, um direcionamento para nós entendermos como as pessoas reagem à morte.
O luto pode ser descrito, por exemplo, como um processo que passa por estágios, também chamado de fases do luto, que são:
- Negação: Período inicial, vivido logo após a morte da pessoa querida, em que se entra em negação na tentativa de se proteger da realidade desconcertante. A pessoa não aceita a perda do ente querido e procura afastar quaisquer pensamentos que remetam a isso, e alimenta pensamentos de como voltar a situação anterior à perda.
- Raiva: A raiva costuma vir logo depois e é marcada pela sensação de que uma injustiça foi cometida. A pessoa enlutada percebe que não pode mais negar o fato. A perda realmente aconteceu, então ela fica com raiva e inconformada, podendo até mesmo ser levada a questionar as suas crenças religiosas.
Na busca de um culpado pela grande perda, direcionamos a raiva a pessoas envolvidas na situação. Médicos, familiares, pessoas do convívio ou, até mesmo, nós mesmos. É por isso que a raiva também se manifesta na sensação de culpa.
- Barganha ou negociação: Esse estágio é mais comum em pacientes de doenças terminais. Eles tentam barganhar a própria saúde com um ser superior ou almejam uma cura divina, milagrosa. Em alguns casos, a negociação assemelha-se muito à negação.
Por ser a fase em que buscamos uma solução para alterar o que aconteceu, pensamos em tudo que podíamos ter feito diferente para alterar o rumo da situação.
- Depressão: A depressão aparece quando a pessoa, ainda não totalmente conformada com a sua realidade, se entristece com a perda. Ela pode permanecer nesse estágio por dias, semanas ou meses consecutivos. A dor e a tristeza ficam mais fortes, já não há mais para onde correr. As sensações de cansaço, desinteresse, desconexão e solidão fazem parte da fase de depressão.
- Aceitação: Por fim, a pessoa aceita a morte do ente querido após externar a angústia, raiva, tristeza e frustração. Quando todas as emoções negativas são propriamente digeridas, ela consegue ter uma visão mais lógica do acontecimento.
A saudade sempre irá existir, mas a fase de aceitação costuma vir acompanhada de uma sensação de paz. Após a compreensão do acontecimento é possível enxergar novamente perspectivas para a vida.
Como é o processo de luto?
Cada pessoa responde ao luto à sua maneira. Portanto, lidar com o luto é um processo individual e sem receita mágica.
Algumas, por exemplo, possuem uma boa relação com a sua própria mortalidade, então encaram a morte com mais leveza. Embora fiquem tristes quando alguém se vai, conseguem lidar bem com essa situação.
Já outras pessoas levam muito tempo para conseguirem superar a morte de um ente querido. Elas lamentam não terem feito nada para ajudar, não terem dito o que gostariam de dizer a tempo, e não terem tentado remediar o laço entre elas e o ente querido antes.
Esses pensamentos permeiam as suas mentes, dificultando o processo de aceitação da perda.
Há, ainda, pessoas que nunca conseguem seguir adiante. Elas ficam presas às memórias e acreditam que não serão felizes novamente após a morte do ente querido.
Viver preso ao passado, no entanto, não é saudável para a saúde mental e tampouco ajuda a digerir os sintomas do luto.
Cada pessoa, então, responde ao luto de acordo com as suas crenças, personalidade e alcance emocional. Não podemos fazer comparações, ou exigir que uma pessoa supere o seu luto na velocidade a qual nós achamos conveniente.
Afinal, todo mundo tem o direito de processar cada fase à sua maneira.
De qualquer forma, sendo um momento de profunda tristeza, o luto pode, sim, ser saudável. É uma reação normal e, até certo ponto, pode e deve ser vivenciado para que a pessoa que sofreu a perda chegue enfim na fase de aceitação.
Como lidar com o luto?
Para lidar com o luto de uma maneira saudável, contudo, é possível recorrer a ajuda de um psicólogo.
Como o luto pode se tornar incapacitante e desencadear a depressão, é ideal buscar atendimento psicológico ao perceber que os sintomas estão interferindo na vivência diária.
Entre outras atitudes que se pode tomar para lidar bem com o luto estão:
1. Permita-se ficar triste
Passar pelos estágios do luto sem culpa é essencial para a digestão das emoções negativas. Então, permita-se chorar, ficar introspectivo, desabafar e sentir raiva e frustração.
Você pode sentir a necessidade de forçar um sorriso de vez em quando para não preocupar as outras pessoas ou não pesar a atmosfera do ambiente de trabalho.
Mas, permita-se ficar triste porque você, de fato, está triste.
Todavia, se perceber o prolongamento dessas emoções por muitas semanas e, por conseguinte, notar a deterioração da sua saúde mental, não hesite em procurar ajuda profissional.
A terapia pode ajudá-lo a lidar com as suas emoções da maneira adequada.
2. Não se apegue à culpa
A culpa é um sentimento que se instala mesmo quando não há necessidade para tal.
Quando um ente querido morre, as pessoas podem se sentir culpadas por inúmeras razões: não terem o ajudado ou o amado suficiente enquanto estava aqui, não terem sido mais presentes em sua vida, não terem dito tudo o que gostariam de dizer, entre outras.
O problema desses devaneios é que eles não possuem utilidade, além de causarem mais tristeza, raiva e inconformidade.
Então, não se apegue a esse sentimento. A aceitação liberta as pessoas da culpa desnecessária e incentiva a seguir adiante.
3. Se despeça da pessoa querida
Nem sempre conseguimos nos despedir das pessoas queridas. A morte é uma das muitas imprevisibilidades da vida, podendo acontecer a qualquer momento.
Por isso, essa é uma das razões pelas quais as pessoas se sentem tão perdidas quando alguém próximo parte. Sendo assim, faça a sua própria despedida.
Os rituais são importantes neste momento. O velório, por exemplo, é um ritual de despedida cuja intenção é levar consolo para familiares e amigos.
Então, se você não conseguiu se despedir nessa ocasião, despeça-se da pessoa querida à sua própria maneira.
Você pode fazer isso em pensamento ou escrever uma carta para expressar os seus sentimentos.
4. Revisite as memórias boas
Revisite os bons momentos e as alegrias compartilhadas com o ente querido.
Relembre-se das características que você mais gostava nele e o porquê de ele ser uma pessoa tão especial na sua vida.
Retorne às suas memórias sempre que sentir saudades e agradeça por ter tido oportunidade de participar da sua vida.
Você também pode se perguntar se, de acordo com as crenças e personalidade dele, ele iria aprovar que você prolongasse a sua tristeza por tempo indeterminado e deixasse de viver a sua vida.
É provável que não, não é mesmo?
5. Reorganize-se para voltar à ativa
Os dias seguintes a perda podem ser de uma angústia imensurável. Assim, você pode ser levado a acreditar que será impossível voltar a viver normalmente depois disso.
Mas, como dizem, “o tempo é o melhor remédio”. Você eventualmente voltará a sentir disposição para encarar os seus dias, mesmo que ainda carregue um pouco de melancolia no peito.
Até esse momento chegar, você pode trabalhar em reorganizar a sua vida. Isso significa voltar ao trabalho, revisitar projetos pelos quais você é apaixonado, encontrar outras pessoas queridas e aprender a conviver com a saudade.
6. Converse com alguém
Como o luto costuma vir junto da reclusão, o diálogo é muito importante para superá-lo. Se você está passando por esta fase, experimente conversar sobre a perda e estabelecer uma relação com sua rede de apoio. Escolha uma pessoa de sua confiança e conte o que sente, fale como a perda aconteceu.
Se o seu luto for relacionado a uma morte, não torne isto um tabu. Relembre as experiências vividas com a pessoa querida, momentos especiais e histórias marcantes. O diálogo faz com o que o assunto se torne mais natural e que passemos a encarar com mais força a situação.
7. Procure um psicólogo
No entanto, quando o luto se estende por um longo período de tempo e impede que a pessoa realize as tarefas de seu cotidiano, é sinal de que chegou a hora de procurar a ajuda de um psicólogo, pois o luto já se tornou patológico.
A psicoterapia ajuda muito na organização mental e na diminuição da sensação de caos interno.
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Autor: psicologa Vitória Appoloni Correia - CRP 06/143864Formação: Especialista em Análise do Comportamento Aplicada, atua com TCC - Terapia Comportamental e é pós-graduada em Sexualidade Humana e Sexologia, atua em seu consultório particular com demandas de ansiedade, relacionamentos, depressão, terapia de casal e vida profissional...
Gostei desse assunto, pois faz sete meses que minha mãe faleceu, e as vezes parece não ter caído a ficha, me dar um desespero, fico sem ânimo, sem perspectiva, pois morava com ela… é muito difícil.
Compreendo que seja uma situação muito difícil. O luto varia de pessoa para pessoa e é necessário respeitar esse tempo. Um psicólogo pode te ajudar a lidar com essa perda!
Eu gostei do assunto, sinto que nós precisamos exercitar mais as perdas e aproveitar aprendizagem que tivemos com o outro. Assim o luto tornar-se mais leve.
Obrigada pelo seu comentário!
Perdi meu esposo não consigo acreditar ainda mta dor
Sinto muito pela sua perda. Lidar com o luto é diferente para cada pessoa. Vivencie esse momento, sinta todos os sentimentos e esteja cercada de pessoas que você ama e que te acolhem. Um psicólogo pode ser muito útil neste momento. Avalie essa possibilidade!
Perdi meu irmão há um mês e foi de uma forma tão cruel, não sei se um dia vou superar…ele era tão jovem, tinha toda vida pela frente. Só tinha ele de irmão, então agora não me sinto irmã de ninguém, não sou irmã… nem sei explicar o tamanho dessa dor.
Olá! Meus sentimentos. O processo do luto é diferente para cada pessoa. Avalie a possibilidade de conversar com um psicólogo para ressignificar essa perda, será muito importante para você.
Entendi. Muito obrigado.